sábado, 4 de dezembro de 2010

A DEUSA DA LUA


Naquela noite quando peguei a moto e sai fugindo dos problemas diários, não imaginava que o destino me ofereceria a oportunidade de contemplar o paraíso.
      A noite estava linda, a lua crescente no céu vislumbrava-se como a beleza de uma mulher, as estrelas me presenteavam com o brilho formando uma guirlanda em minha cabeça do mais precioso diamante.
Dirigi sem rumo certo mas o capricho do destino me fez virar a moto na direção de uma estrada de terra esquecida pelo tempo, porém iluminada pela lua. Ao percorre-la, meus problemas eram deixados para trás, o estresse do dia passado era uma lembrança muito distante me senti teleportado para um mundo onde somente eu existia.
      Fui embrenhando cada vez mais naquele caminho, perdido na contemplação do meu eu livre, foi nesse momento que a vi pela primeira vez,  por entre as árvores iluminado pelo luar um vulto de mulher, com um vestido branco dançando pelo seu corpo ao menor toque da brisa, seu caminhar era tão leve onde nem mesmo a mais frágil folha se dobrava. O medo da visão do primeiro momento foi substituído pela curiosidade em descobrir de onde vinha e para onde ia tal ser etéreo.
      Encostei a moto, e cuidadosamente comecei a seguir a figura entre as árvores.
Era uma mulher de pele clara, seus cabelos caiam pelos seus ombros formando um manto dourado, seus lábios róseos cantarolavam baixinho uma canção não definida mas de um lamento constante.
      Estava tão encantado pela figura em minha frente que não dei conta que estávamos bem próximos a uma cachoeira. Foi quando ela parou e bem lentamente pude vê-la despindo o vestido, perdi o fôlego ao contemplar sua nudez de tamanha perfeição, acreditei estar diante de uma deusa tão adorada na antiga religião pagã.
      Como se flutuasse, aquela beldade loira, esculpida do mais puro marfim mergulhou nas águas banhada pela mãe lua, cheguei mais perto, a vi deliciando-se ao sentir o beijo frio da água em seu corpo, pensei que não era digno de olhar tal intimidade, mas peguei-me preso diante do meu intenso desejo de vê-la e tocá-la...
      A lua emanava seus raios prateando as águas, enquanto numa faceirice de fada, ela jogava gotas de água no ar.
      Nesse momento ela virou, e olhou exatamente onde eu estava, vi em seus olhos um brilho intenso, ela me encarou e sorriu, minhas pernas como se possuíssem vontade própria andaram até a margem, a fada das águas veio ao meu encontro, e antes que eu pudesse falar, ela colocou os dedos em meus lábios e me calou com um beijo, moldou seu corpo de mármore ao meu, despertando o homem mortal e o desejo carnal, devagarinho me despiu e segurando a minha mão me conduziu até a água.
      Nossos corpos em sintonia perfeita, dentro da magia da noite, ficaram exauridos de um prazer anormal, quebrado somente com o raiar da aurora.
E sem dizer nada, a Deusa da Lua saiu da água, vestiu seu manto branco e sumiu entre as  árvores deixando seu brilho em mim.
      Corri em todas as direções na esperança de encontrá-la, mas nem um vestígio sequer deixou, voltei para onde estava minha moto e fui embora voltando para o mundo real.
      Até hoje ainda sinto o perfume daquela mulher, senhora da lua crescente, busco em cada mulher o mesmo olhar sem nunca encontrar, voltei por algumas vezes à cachoeira, nunca mais a encontrei. Não sei se foi real, não sei se ela tinha um nome, ou uma vida, a única coisa que sei e tenho absoluta certeza, que naquela noite levou com ela meu coração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário